Aedas divulga informes sobre auditoria dos estudos socioambientais feitos pela AECOM no mês de fevereiro de 2025
Estudos de Avaliação de Risco à Saúde Humana e Risco Ecológico e TAC – Segurança das estruturas remanescente, contenção e recuperação socioambiental estão entre as pautas da reunião

No dia 26 de fevereiro de 2025 foi realizada a reunião da AECOM, empresa responsável pela auditoria independente dos estudos socioambientais na Bacia do Rio Paraopeba. Mensalmente a AECOM, através de uma reunião virtual, apresenta para as IJs os resultados das atividades alcançadas no mês decorrido e a atualização quanto ao cumprimento ou não dos cronogramas dos projetos e ações. As ATIs participam desta reunião exclusivamente como ouvintes e não há espaço para falas, dúvidas e/ou intervenções.
Esta matéria traz um resumo dos principais pontos, referentes às Regiões 1 e 2, abordados na reunião:
Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana e Risco Ecológico – ERSHRE
Balanço de finalização da Fase 1
Durante o período de 16 de janeiro a 15 de fevereiro de 2025, foram entregues seis relatórios de fase 1 (levantamento de preocupação das comunidades). Para o próximo período, está programada a entrega de cinco relatórios. Foram realizadas reuniões técnicas para tratar os problemas dos relatórios, que continuam enfrentando dificuldades para obter aprovação pelos órgãos do estado, por causa da baixa qualidade do material entregue. Em fevereiro, ocorreram reuniões entre os órgãos do estado, o Grupo EPA, a AECOM e o Ministério Público para alinhar questões técnicas. No dia 7, foi realizada reunião de alinhamento técnico e no dia 11, uma segunda reunião para esclarecimento de dúvidas. Durante essas reuniões, o Grupo EPA apresentou uma proposta para resolver os problemas técnicos. O próximo o será a entrega dos relatórios revisados por parte do Grupo EPA. Serão marcadas outras reuniões para continuar debatendo a organização e a estruturação das informações técnicas dos relatórios.
Cronograma de devolutivas da Fase 1
Na reunião foi apresentado o cronograma de devolutivas de fase 1 que compreende três Áreas-Alvo (AA) da cidade de Brumadinho (AA 01, AA 02 e AA 03):
Áreas | Datas |
AA–02 | 22 a 23 de março/25 |
AA–03 | 04 a 06 de abril/25 |
Quilombo do Rodrigues (AA–01) | 17 a 18 de abril/25 |
Quilombo de Marinhos (AA–01) | |
Quilombo do Sapé (AA–01) | |
AA–01 | 18 a 20 de abril/25 |
Aldeia Arapowã Kakiya (AA–01) | 29 a 30 de maio/25 |
Aldeia Kamakã Mongoiô (AA–01) | 17 de maio/25 |
Quilombo Sanhudo (AA–02) | 24 de maio/25 |
Previsão de Início da Fase 2 é atualizada
Em 3 de fevereiro de 2025, a Vale S.A. apresentou o cronograma atualizado para a contratação da Fase 2. A finalização da contratação, inicialmente prevista para 14 de dezembro, agora está prevista para 3 de março. A mobilização ocorrerá de 3 de março a 1º de abril, e o processo de handover (momento de agem de informações e responsabilidades entre Grupo EPA e nova empresa) será realizado entre 3 de março e 1º de maio.
No dia 20 de fevereiro, a AECOM enviou aos órgãos do estado seu parecer sobre as propostas técnicas das empresas indicadas. A partir dessas movimentações, a AECOM apontou que é possível iniciar as coletas na região de Brumadinho em julho de 2025.
TAC – Monitoramento de Águas e Sedimentos
A auditoria iniciou a apresentação com dados das auditorias realizadas nos programas da Vale S.A. desde janeiro de 2020 a janeiro de 2025. A maioria das recomendações em atendimento se referem ao estudo hidrogeológico, que tem o objetivo de responder se há possibilidade de contaminação dos aquíferos e lençóis freáticos ao longo da bacia do rio Paraopeba, sendo 29 recomendações do estudo complementar e sete do estudo principal.
Análises independentes – Contraprova
As principais atividades do “monitoramento contraprovas” são coleta e análises laboratoriais das matrizes de águas superficiais, águas subterrâneas e sedimentos, comparando os resultados obtidos pela AECOM e pela Vale S.A. É realizada então uma análise de convergência e comparação estatística dos dados obtidos para avaliar a legitimidade dos resultados emitidos pela Vale S.A. Após quatro anos de monitoramento, os dados analisados pela AECOM indicam convergência superior a 80%, mantendo a consistência ao longo de todo o período. Segundo a auditoria, após mais de 1000 amostras avaliadas e 47 mil dados analisados, a convergência obtida confirma a confiabilidade do monitoramento realizado pela Vale S.A.
Monitoramento de águas superficiais e sedimentos
A AECOM trouxe dados acumulados do Programa desde janeiro de 2020 a janeiro de 2025, afirmando que há uma taxa de 97,9% de desempenho consolidado das três etapas auditadas. Trazem como ponto de atenção para o mês de janeiro de 2025 falhas em instrumentos de medição e no armazenamento e transporte de amostras.
Programa de distribuição da água potável
Os dados acumulados do programa apresentam uma taxa de 99,3% de desempenho consolidado nas três etapas auditáveis. O único aspecto relevante trazido para o mês é de que a partir de março de 2025, a empresa responsável pelo transporte de água por carros-pipa será substituída.
Poços da frente população rural com uso agro
Os dados acumulados do programa apresentam uma taxa de 97% de desempenho. Dos 62 poços para dessedentação animal e irrigação, 54 já foram entregues aos usuários, dos quais 49 estão ativos e cinco inativos. A previsão é de que os oito restantes sejam implantados ainda em 2025. Desses oito, dois estão em fase de liberação. Os superficiários com poços em implantação e inativos continuam sendo abastecidos via carro-pipa, sem impacto na demanda hídrica.
Monitoramento das águas subterrâneas
Os dados acumulados do programa apresentam uma taxa de 98,3% de desempenho no período de janeiro de 2020 a janeiro de 2025. O monitoramento trimestral regular foi realizado em 54 poços rasos com uso exclusivo para monitoramento, 29 poços profundos com usos diversos e seis poços tiveram coletas atrasadas ou não realizadas devido a problemas de o, elétricos, hidráulicos ou estruturais. Trouxeram como destaques positivos:
- Procedimentos de filtragem dos metais dissolvidos realizado conforme estabelecido em norma;
- Recebimento das amostras com verificação e registro de temperatura de acordo com o procedimento do laboratório.
Águas subterrâneas – estudos hidrogeológicos
Aquíferos rasos e profundos
O estudo concluiu que não há conectividade rio-aquíferos profundos, que não há influência da mancha de inundação sobre os aquíferos rasos e que, portanto, não há contaminação. A AECOMapontou fragilidades significativas quanto à conclusão do estudo e emitiu nota técnica com suas recomendações à Vale S.A. Em reunião entre AECOM, Vale S.A. e Igam, a Vale S.A. apresentou as ações em andamento para revisão do relatório, cujo emissão está prevista para abril de 2025.
Aquíferos rasos na planície de inundação
O estudo concluiu que nas áreas inundadas não houve transferência de metais para o aquífero raso, e que o enriquecimento em metais ocorre devido à geologia natural. A auditoria emitiu uma nota técnica contendo 29 recomendações à Vale S.A. sobre a necessidade de rever os métodos estatísticos aplicados, bem como esclarecimentos relacionados às caracterizações geoquímica e hidroquímica na área de estudo.
Transferência do monitoramento da Vale S.A. para o Igam
Até o momento houve 69% de avanço na transferência do sistema de Gestão de Dados, com conclusão prevista em setembro de 2025. A contratação de pessoal para o Igam ainda não foi iniciada.
A auditoria apontou a necessidade de elaborar novo cronograma, reavaliando as atividades necessárias e os prazos de execução, para que possa ser projetada uma data factível para que ocorra a transferência.
TAC – Segurança das estruturas remanescente, contenção e recuperação socioambiental
A AECOM informou que, de todas as atividades, programas e projetos que estão sendo desenvolvidos pela Vale S.A. dentro do Acordo Judicial para Reparação Integral (AJRI), atualmente existem 392 recomendações que ainda estão em fase de atendimento e 53 em atraso. Nota-se que desde 27 de janeiro de 2019 a AECOM apresentou à Vale S.A. 3.259 recomendações, sendo que, para este período, 37 foram atendidas e 35 novas recomendações foram apresentadas.
Estruturas Remanescentes e Barragens
As estruturas e barragens B-VI, B-VII, Pilha de Estéril Norte-01 (PDE Norte-01), Menezes I, Menezes II, barragem Lagoa Azul e barragem Capim Branco, por sua vez, seguem funcionando dentro da normalidade e, segundo a AECOM, não oferecem riscos de rompimento.
Nas reuniões da AECOM, não têm sido apresentados o plano de descaracterização destas estruturas, informações sobre qual será a destinação dos materiais, bem como as rotas que serão utilizadas, e se os veículos arão ou não por dentro das comunidades que estão nas proximidades, como Parque da Cachoeira/Parque do Lago, Córrego do Feijão, Alberto Flores e Tejuco.
Plano de Manejo de Rejeito – Disposição na Cava da Mina do Córrego do Feijão, da Vale S.A.
A respeito dos volumes da Zona Quente, cerca de 11 Milhões de metros cúbicos³ (Mm³) saíram do Ribeirão Ferro Carvão dos 15 Mm³ previstos; 5,152 Mm³ dos 15 Mm³ planejados até 2030 já foram destinados à cava da mina do Córrego Feijão. Destaca-se que um grande volume já foi lançado na cava e pretende-se aumentar ainda mais essa capacidade de lançamento ao longo dos anos.
De acordo com a auditoria, o rompimento da barragem B-I resultou no vazamento de aproximadamente 9.685.433,4 m³ de rejeitos, dos quais 1.590.454,4 m³ atingiram o rio Paraopeba. No entanto, o plano de manejo de rejeitos prevê a disposição em cava de 15.000.000 m³ de rejeito under size – uma fração peneirada que não corresponde à totalidade dos rejeitos liberados pelo rompimento.
Com base nesses números, observa-se uma discrepância significativa no volume de material que será depositado na cava. Há um excedente de mais de 5 milhões de m³, representando um aumento de cerca de 55% em relação ao total de rejeitos que vazaram da B-I. A origem desse material adicional não é explicitada nas reuniões.
A Vale S.A. apresentou que a cava perdeu aproximadamente 45% do volume de água livre em 2024, ocasionado pelo lançamento de rejeito. Estima-se que ao final de 2025 este volume disponível será menor.
Em relação ao monitoramento das águas subterrâneas, destinado a avaliar o potencial risco de contaminação pela disposição de rejeitos na cava, a auditoria não apresentou os dados referentes aos 10 poços de monitoramento nem às coletas de água superficial dentro da cava para o período analisado.
Além disso, nas reuniões conduzidas pela AECOM, a ausência de apresentação dos resultados desse monitoramento tem sido recorrente. Na última reunião, novamente, não houve encaminhamentos sobre as notas técnicas e materiais informativos qualificados em linguagem ível, que deveriam esclarecer os potenciais riscos ou a inexistência de contaminação das águas subterrâneas em função do lançamento de rejeitos na cava. Essa solicitação foi feita pelo Promotor Dr. Lucas Trindade, na reunião do dia 28 de julho de 2023, motivada pela participação popular em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e segue sem respostas.
Essas informações são de extrema importância para as famílias atingidas, que dependem das águas de poços e nascentes da região, e a falta de transparência agrava as preocupações e vulnerabilidade das comunidades.
Dragagem do Rio Paraopeba
A dragagem do rio Paraopeba continua enfrentando diversos problemas, incluindo atrasos significativos em relação ao cronograma inicial e inconsistências no processo.
Enquanto o plano prevê a remoção integral dos rejeitos do ribeirão Ferro-Carvão, para o rio Paraopeba, nos trechos até Juatuba e o Reservatório de Retiro Baixo, apresentam duas possibilidades: remoção total dos rejeitos ou contenção in situ (controlados no próprio local onde estão depositados), sem detalhar os critérios para a escolha de cada abordagem.
Durante a última reunião, foi informado que a retirada dos rejeitos nos primeiros 2km, a partir da confluência do ribeirão Ferro-Carvão com o rio Paraopeba, tem previsão de conclusão até abril de 2025. Já a dragagem dos 46km até Igarapé está projetada para se estender além de 2027.
Outros temas também foram discutidos, incluindo:
- Status das versões do Plano de Reparação Socioambiental
- PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
- Parque Municipal de Brumadinho
- PGAI – Programa de Gerenciamento das Áreas Inundadas (2025)
- Anexo II.2 – Projeto de Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos, Listas Vermelhas e Regularização Fundiária do Parque do Rola Moça
No entanto, mais uma vez, o programa de Monitoramento da Qualidade do Ar não foi apresentado, deixando uma lacuna importante nas discussões.
Você também pode ar os informes anteriores abaixo
Fevereiro/2023: /informes-AECOM-0223/
Março/2023: /informes-AECOM-0323/
Abril/2023: /informes-AECOM-0423/
Maio/2023: /informes-AECOM-0523/
Junho/2023: /informes-AECOM-0623/
Julho/2023: /informes-AECOM-0723/
Agosto/2023: /informes-AECOM-0823/
Setembro/2023: /informes-aecom-0923/
Outubro/2023: /informes-aecom-1023/
Novembro/2023: Não houve
Dezembro/2023: /informes-aecom-1223/
Janeiro/2024: /informes-aecom-0124/
Fevereiro/2024: /informes-aecom-0224/
Março/2024: /informes-aecom-0324/
Abril/2024:/informes-aecom-0424/
Maio/2024: /informes-aecom-0524/
Junho/2024: /informes-aecom-0624/
Julho/2024: /informes-aecom-0724/
Agosto/2024: /informes-aecom-0824/
Setembro/2024: /informes-aecom-0924/
Outubro/2024: /informes-aecom-1024/
Novembro/2024: /informes-aecom-1124/
Dezembro/2024: /informes-aecom-1224/
Janeiro/2025: /informes-aecom-0125/
*Todas as informações apresentadas foram extraídas da reunião mensal da AECOM, ocorrida de forma virtual no dia 26 de fevereiro de 2025. A Aedas e as demais Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) participam da reunião somente como ouvintes, não participam das reuniões técnicas citadas e não têm o aos documentos apresentados, bem como as gravações das reuniões, o que dificulta a possibilidade de detalhamento dos dados e aprofundamento de informações.
A próxima reunião da AECOM será realizada no dia 24 de abril. Para continuar acompanhando estes temas você também pode ar os informes.